Supermercados projetam alta de até 8% nas vendas de Páscoa no RN

As vendas no setor supermercadista do Rio Grande do Norte devem registrar crescimento de até 8% na Semana Santa e no período da Páscoa, conforme estimativa da Associação de Supermercadistas do RN (Assurn). A projeção, comparada a 2024, repete o desempenho observado nos últimos anos, que costuma oscilar entre 5% e 8%, e segue a tendência nacional, cujas estimativas variam entre 8% e 12%. Os dados foram divulgados durante entrevista do presidente da Assurn, Gilvan Mikelyson, ao programa Tribuna Livre, da Rádio Jovem Pan News Natal (93.5 FM), nesta quinta-feira (17).
De acordo com Mikelyson, a Páscoa é considerada uma das principais datas sazonais do calendário do varejo alimentar, atrás apenas do período natalino. O otimismo dos empresários do setor, no entanto, convive com os desafios impostos pela inflação de alimentos, que tem afetado de forma significativa itens tradicionalmente associados à celebração religiosa, como pescados, chocolates, vinhos e azeites.
Ainda na avaliação do presidente da Assurn, embora a expectativa de aumento nas vendas seja real, parte desse crescimento também é impulsionado pela elevação dos preços. “Apesar de caros, eles vão estar ofertados um pouco acima do que seria um cenário de normalidade. São ofertas. Do preço que está caro, vai ficar menos caro”, afirmou.
Entre os produtos com maior incremento de demanda nesta época do ano, o chocolate e o pescado se destacam. Gilvan explicou que os peixes, em especial, chegam a ter um aumento médio de até 500% no consumo durante a Semana Santa, impulsionado principalmente pela tradição religiosa dos católicos de se absterem da carne vermelha.
Para atender ao aumento expressivo da procura, os supermercados ampliaram estoques e reforçaram a logística. A aposta principal está no pescado congelado, que facilita o armazenamento e garante uma vida útil maior ao produto.
Entre os consumidores, a percepção é semelhante. Juliana Soares, 26, contou que ainda não comprou os ovos de chocolate para a família, mas pretende adquirir nos próximos dias. Ela diz que este ano pretende gastar um pouco menos em comparação ao ano passado, tentando equilibrar as despesas com os outros itens da ceia pascoal. “Acredito que vou gastar um pouco menos do que no ano passado. Tem que economizar. E nos últimos dias costuma ficar mais barato”, comentou.
Além das promoções, supermercados também diversificaram com produtos com faixas de preços variadas para atender a diferentes perfis de consumo. Para Gilvan, a tradição pesa bastante na escolha dos consumidores, mas há uma adequação de hábitos. “A tradição vai mudando. Você comia um salmão, agora você já vai numa tilápia, Vai adequando. Isso é um exercício que nós brasileiros já estamos acostumados a fazer”, disse. Entre os pescados mais procurados nos supermercados estão atum, serra, espada e o tradicional bacalhau.
Tárcio Ranier, 38, é um exemplo de consumidor que já garantiu o estoque de pescado para os próximos dias até a chegada do domingo de Páscoa. “Estou gastando mais do que ano passado, mas porque as coisas estão mais caras”, avaliou. Para tentar economizar, ele tem pesquisado preços e se organizado para fazer as compras nos horários de menor movimento. Na quinta-feira ele reservou tempo para comprar produtos complementares, como verduras e temperos.
O mesmo cenário de gasto ocorre com o chocolate: em vez de ovos licenciados com brinquedos, que ficaram mais caros devido à alta no preço do cacau, que aumentou 180% em dois anos, muitos consumidores têm optado por caixas de bombom ou barras simples de chocolate. No ponto de venda, as promoções também têm papel importante para atrair os consumidores e garantir o escoamento dos estoques.
Apesar das estratégias adotadas, o setor ainda enfrenta dificuldades para equilibrar custo e preço final. O presidente da Assurn destacou que os empresários têm evitado repassar integralmente os aumentos vindos da indústria para o consumidor, reduzindo margens para não comprometer as vendas. “O empresário tem retraído muito os repasses e tem absorvido bastante os aumentos. Se eu repassar tudo aquilo que vem da indústria diretamente para o consumidor, a gente vai causar uma ruptura no consumo e vai realmente parar de vender”, explicou.
Segundo Gilvan Mikelyson, os supermercados da Grande Natal estão preparados para o grande contingente de clientes que decidem ir às compras de última hora. O funcionamento nos estabelecimentos será estendido até às 22h nos dias que antecedem o domingo de Páscoa. Em algumas cidades do interior, as lojas poderão ter horários específicos, mas a orientação geral é manter as unidades abertas para atender ao público.
Fonte: Tribuna do Norte