Política

Tenente-coronel afirmou à PF que existiam militares que tinham interesse em realizar uma “saída compulsória”

Em depoimento à Polícia Federal (PF) na investigação que apura suposta tentativa de golpe de Estado tramada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere afirmou que existiam militares que não queriam ser comandados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que manifestaram interesse em realizar uma “saída compulsória”.

A PF interceptou uma mensagem enviada por Cavaliere para Cid. O texto era uma pergunta e dizia: “se tudo der errado? e fosse concedida a saída compulsória àqueles que desejarem”.

Sobre a mensagem, o oficial afirmou:

Existia uma angústia de muitos militares que não gostariam de ser comandados por Lula e que muitos manifestavam o interesse em exercer esse tipo de saída compulsória para não terem Lula como comandante supremo das forças armadas

Sérgio Ricardo Cavaliere

Carta Aberta aos Oficiais

Durante seu depoimento, o tenente-coronel também foi questionado em relação a existência de um documento intitulado “Carta Aberta dos Oficiais”, apreendido em mensagens trocadas entre Cavaliere e Cid.

O relatório da PF com a análise das mensagens do celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro aponta que militares da ativa debateram um golpe de Estado no período entre a eleição e a posse de Lula.

Cavaliere afirmou aos investigadores que Bolsonaro tinha conhecimento da existência documento que circulava entre os militares. A investigação aponta que o documento contou com as assinaturas de aproximadamente de 1093 integrantes das Forças Armadas.

Durante a troca das mensagens, segundo a PF, Cavaliere e Cid trataram de uma advertência proveniente do Comandante Militar do Sul alertando os militares que viessem a aderir à carta para possíveis “consequências legais”.

Segundo o depoimento, ainda na troca de mensagens sobre a Carta, Cavaliere escreveu: “espero que o PR não se esqueça dos que estão indo para o sacrifício”. A PF o questionou em relação ao assunto.

Cavaliere respondeu que “PR” se tratava de Bolsonaro e que “sacrifício” se relacionava com as consequências que os militares poderiam sofrer caso aderissem à “carta aberta dos oficiais”.

O oficial disse que chegou a assinar a carta, mas depois “avaliou melhor” e retirou a assinatura, chegando, inclusive, a pedir a outros militares que fizessem o mesmo.

Nesta sexta-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo de uma série de depoimentos prestados no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe. As jornalistas da CNN Jussara Soares e Gabriela Prado anteciparam o conteúdo dos depoimentos.

A CNN entrou em contato com a defesa de Cavaliere e Bolsonaro, mas, até o momento, não obteve respostas.

Fonte: CNN Brasil

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