Política

Servidores da PF veem “descaso” e pressionam governo em manifestações pelo Brasil

Delegados, agentes, peritos, escrivães e servidores do administrativo da Polícia Federal (PF) realizaram nesta quinta-feira (26) manifestações por todo o Brasil. Os servidores falam em “descaso” do governo federal e cobram reestruturação da carreira, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em Brasília, a mobilização foi em frente à sede da PF. Duas tendas foram montadas para a manifestação, que teve a visita do diretor administrativo da PF, Rodrigo Teixeira, que desceu do gabinete para conversar com os representantes das categorias.

Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e em capitais do Nordeste também houve adesão de investigadores.

“Todos os dias a gente vê a imprensa divulgar números da PF, que têm sido colocados pelo governo, e de fato, a PF tem trabalhado, mas é preciso que o governo reconheça que esse trabalho tem que refletir em melhorias para o trabalho do servidor da PF”, comentou o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro.

O delegado também critica o governo e compara com o antecessor, de Jair Bolsonaro (PL): “Conforme foi no governo passado, estamos vendo um descaso do atual governo federal. É importante dizer que essa não é uma demanda classista, é proposta da PF, do Ministério da Justiça, então é um descaso do Ministério de Gestão com a direção da PF e com o ministro da Justiça. As reuniões sempre são proteladas”.

Os investigadores afirmam que após essa manifestação, “nada está descartado”. Nem mesmo greve. “Vamos esperar os próximos passos e retorno do governo federal. A direção da PF também está trabalhando, mas nada está descartado”, disse à CNN Luciano Leiro.

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcus Firme, reforça a união, quase inédita, das categorias da PF. “Todas as entidades e cargos estão unidos nessa proposta, que não é nossa, é do próprio governo. O MGI alega que não foram feitos cálculos ainda e nós esperamos que sejam feitos logo”, comentou.

Fundamental para o trabalho investigativo da PF, a perícia criminal também se juntou à pressão. O presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (ACPF), Willy Hauff, destacou que a reestruturação “é uma justiça de perdas”. “Desde o governo Temer, não recebemos nenhum reajuste que cobrisse a inflação. Estamos dependendo do MGI para fazer alguma ação”.

À CNN, Socorro Tinoco, diretora da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol), reforça o pedido ao MGI e critica a pasta. “O nosso diretor-geral [Andrei Rodrigues] abraça essa causa. O ministro da Justiça [Flávio Dino] também abraça. E hoje dependemos unicamente do MGI, da questão orçamentária. O projeto está pronto. Estamos protestando contra esse descaso”.

Os servidores da PF farão novas manifestações em novembro, incluindo uma em frente ao Ministério da Justiça.

Em nota, o Ministério de Gestão e Inovação informou que no início do ano fechou um acordo de reajustar os salários de todos os servidores públicos federais, inclusive o de policiais. Citou ainda que no mês passado, os policiais apresentaram um pedido de reajuste, que está sendo analisado.

Fonte: CNN Brasil

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