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Natalenses dizem o que esperam da próxima gestão municipal

Melhorias em infraestrutura de praias, estímulo à cultura, geração de emprego renda, fomento ao comércio. Estas devem ser as prioridades do próximo prefeito de Natal para o Turismo e a Economia. A TRIBUNA DO NORTE foi às ruas da capital para ouvir a população e saber como elas avaliam as duas áreas e o que esperam do novo gestor, que irá administrar a cidade pelos próximos quatro anos, a partir de 1º de janeiro de 2025. A análise dos natalenses ouvidos é de que nenhum dos dois setores caminha bem e, por isso, é preciso uma atenção a ambos, os quais estão diretamente relacionados, conforme os depoimentos feitos à reportagem.


A cena cultural da cidade, que deve ser adotada como um atrativo para o turismo local, também precisa ser olhada com mais cuidado, segundo o agente de portaria Eduardo Barbosa, de 26 anos. “O turismo de Natal não vai bem. Quando a gente chega em Ponta Negra, nosso cartão-postal, não tem nem calçadão para os frequentadores fazerem uma caminhada, porque tudo está quebrado. E o Morro do Careca está em processo de erosão, então, tem muita coisa para melhorar. Acho que a parte cultural também dever ser utilizada para atrair turistas. Visitei cidades fora do Estado e vi que, em alguns lugares, isso é muito forte”, analisa.


Para a Economia, a principal preocupação é com a situação do comércio e a geração de empregos. “Quando eu era criança, qualquer desatenção e eu me perdia da minha mãe, de tanta gente que tinha no comércio da Cidade Alta. Hoje em dia, são inúmeras lojas fechadas”, diz Eduardo.
“A realidade é que, na economia, a situação do comércio é péssima, falta muito emprego”, afirma a cuidadora de idosos Débora Moraes, de 29 anos. Já no turismo, apesar de reconhecer o enorme potencial de Natal para o setor, Débora avalia que faltam diversos investimentos. “A cidade precisa de uma boa administração e organização dos pontos turísticos, com investimentos em segurança, inclusive, além de valorização e uma estrutura melhor”.

Ewerton: “Ponta Negra e Praia do Meio estão abandonadas”| Foto:Magnus Nascimento


O assistente jurídico Ewerton Galvão, de 24 anos, comenta que vê uma situação de abandono no turismo da capital. “As praias de Ponta Negra e do Meio estão praticamente abandonadas. São problemas com ratos e sujeira. Já na Ribeira, que deveria ser um polo histórico e cultural, o cenário é de completo abandono”, afirma. Em relação à economia, Ewerton avalia que faltam empregos na iniciativa privada em razão da falta de estímulos a setores importantes como turismo e construção civil. “Em Natal, grande parte dos empregos está ligado ao serviço público. Então, eu imagino que conseguir um trabalho na iniciativa privada não é algo fácil. Por isso, acredito que a geração de emprego é um problema na cidade. No geral, setores como construção civil e até mesmo o turismo, possuem menos força do que o potencial que eles realmente têm”, analisa.

Fernanda: “Centro revitalizado vai estimular o comércio”| Foto:Magnus Nascimento


Para a professora Fernanda Michelle, de 42 anos, as praias de Natal precisam de revitalização da orla, além de cuidados com a limpeza. Ela ainda reforça que o Centro também precisa de revitalização para fomentar a economia do município. “A Cidade Alta, com muitas lojas fechadas e um cenário de deterioração, chama muita atenção. Temos algumas obras no bairro, mas é difícil saber se de fato, elas vão ajudar a melhorar o cenário, mas é notável que é preciso revitalizar o bairro e estimular o comércio”, afirma.

O que o próximo gestor deve fazer

Para reverter o cenário atual na Economia e no Turismo, de acordo com os depoimentos, não existe outra opção a não ser fomentar áreas cruciais para os dois setores. A vendedora Ana Paula Duarte, de 24 anos, diz que o próximo gestor de Natal precisa criar políticas que fomentem o emprego para tirar da população a dependência do setor público. “Na economia, acho que precisa melhorar bastante os incentivos para geração de emprego e renda. O novo prefeito precisa apostar nisso para que as pessoas tenham opções para além do serviço público”, comenta.

George Marcelino: “Falta planejamento técnico para as ações”| Foto:Magnus Nascimento


O chefe de gabinete George Marcelino, de 62 anos, afirma que a gestão necessitará de uma equipe técnica para planejar ações para a cidade. “Para o turismo, o próximo prefeito precisa ter uma consciência no sentido de, até mesmo em parceria com o Governo do Estado, desenvolver políticas atuantes que tragam o turista para cá. A estrutura das nossas praias deixa muito a desejar. Em cidades como Aracaju ou João Pessoa, onde estive recentemente, a gente percebe que o poder público tem interesse em organizar e embelezar a orla, mas aqui isso não acontece. É necessário uma equipe técnica muito eficiente para pensar Natal de uma forma planejada”, analisa.

Na economia, segundo George, faltam políticas voltadas ao fomento de um polo industrial na cidade.


Já o analista jurídico Ewerton Galvão defende isenções para o turismo e a construção civil como formas de promover o desenvolvimento econômico de Natal. “Creio que o novo gestor pode ajudar a fomentar essas duas áreas com incentivos fiscais ou algo do tipo, para atrair investimentos”. O agente de portaria Eduardo Barbosa comenta que um plano de estímulo ao comércio e ao emprego deve ser prioridade da gestão municipal a partir de janeiro.


A cuidadora de idosos Débora Moraes lembra que o fomento ao turismo é essencial para a economia, uma vez que os setores não podem ser dissociados. “A nova gestão tem que melhorar nossos pontos turísticos. Isso vai impactar positivamente, sem dúvidas, a economia da cidade, porque, além de atrair pessoas de fora, permitirá que nós, os próprios natalenses, queiramos frequentar esses locais”.

Estímulos


Qualificação em mão de obra, incentivos fiscais, atrações de grandes eventos e até mesmo melhorias do transporte público são investimentos que o novo prefeito de Natal deve priorizar para estimular a economia da capital.

O economista Robespierre do Ó fala que, no caso da situação da Cidade Alta, que já foi o principal centro de comércio, é necessário pensar alternativas que considerem as mudanças de hábitos da população. Ele destaca que há um movimento em todo o mundo de afastamento natural dos centros das grandes cidades”.

“Em Natal, esse afastamento se dá por causa da expansão comercial nas áreas periféricas. A instalação de serviços públicos, como secretarias no Centro, pode ajudar aos negócios da região. Também é preciso melhorar o transporte público para incentivar o deslocamento até essa área da cidade. E dá para reduzir impostos, embora esta seja uma medida que dependa também dos entes estadual e federal. A solução para a geração de emprego, que interfere diretamente na economia, passa, do mesmo modo, por um cenário de redução de taxas, uma vez que as empresas pagam muitos tributos. Outro ponto é a qualidade da nossa mão de obra, que carece ser melhorada”, pontua.


No turismo, de acordo com o professor Mozart Fazito, do Departamento de Turismo da UFRN, as soluções passam pelo cuidado com a infraestrutura dos principais cartões-postais da cidade, mas deve-se ir além. Para ele, a valorização da história e da cultura são fundamentais para o desenvolvimento do setor. “É muito importante oferecer acesso a um conhecimento histórico e nós temos desde comunidades indígenas a comunidades de pescadores. Temos o berço do samba nas Rocas e um casario incrível na zona histórica. Há várias manifestações artísticas que andam degradadas, em processo de esvaziamento”, diz.

Fazito, que é coordenador do Fórum Potengi, diz que o setor pode se beneficiar muito com o que o rio tem a oferecer. “O que emerge é uma cultura baseada na história do Potengi e nas experiências da nossa sociedade. Isso diversifica o turismo, com investimentos que o movem para além da ideia de sol e mar, que garantem uma mobilidade para outras regiões do estado e da cidade, como os museus, casarões e manifestações artísticas. E ali na região temos o Forte dos Reis Magos, o Museu da Rampa e a Redinha, área que pode se tornar uma passeio só, encontro com a cultura e a natureza” afirma.

Fonte Tribuna do Norte

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