Economia

Sucesso de pai para filho: por trás de uma história de sucesso, está uma família empresária

Por trás de uma história de sucesso de um dos maiores grupos de franqueados do Nordeste, está a de uma família empresária. Há cerca de 40 anos, Antônio Gentil construía os primeiros pilares do que posteriormente seria liderado pelo filho Glauber Gentil. Fundada no Rio Grande do Norte, a Gentil Negócios está presente em quatro estados e hoje administra mais de 120 pontos de venda no mercado brasileiro. Para esses resultados, saber gerir a relação de pai e filho dentro de um contexto de negócios depende de muito planejamento e inteligência emocional, mas também conta com muita inspiração.

A história de Antônio Gentil começa no interior do estado, no município de Campo Grande. Logo cedo, aos oito anos de idade, ele já trabalhava para poder ajudar a família e dois anos depois chegou a hora de ir para a capital. Foi em Natal, no ano de 1960, que ele conseguiu o primeiro emprego formal, por onde passou 24 anos, cinco meses e 14 dias, percorrendo a trajetória de Auxiliar de Serviços Gerais até chegar a Vice-Presidente e Sócio minoritário dessa empresa.

No meio desse caminho, a vida de Antônio precisou assumir um novo papel, desta vez como pai. Essa função chegou pela primeira vez em 1966 com o nascimento da primogênita Glícia, seguida por Glênia, em 1970, e, por fim, o caçula Glauber, em 1978. Em 2024, a família já aumentou e Antônio Gentil conta com três bisnetos.

Diferente da infância que teve, Antônio buscou aplicar a frase “conhecimento que transforma” com os filhos. Para Glícia, Glênia e Glauber, o empresário pôde proporcionar uma educação de qualidade, chegando até a períodos de estudo em países do exterior, sempre abdicando de algo em busca do melhor para eles. Não demorou muito para que os três iniciassem a trajetória no que seria a Gentil Negócios.

“Essa é uma característica de famílias empresárias. Elas entram no negócio muito mais por sedução, gravidade e necessidade. Às vezes, você não tem o recurso necessário para um empacotador no mês de dezembro, que é época comemorativa. Quem vai empacotar? O filho, que está de férias. A família era muito mais do que convidada, era convocada, intimada”, explica Glauber com bom-humor.

A partir dessa construção de relação contínua, o filho começou a demonstrar uma maior identificação, gerando uma busca pelo aprofundamento nos estudos sobre o negócio e querendo deixar a marca na história. Compartilhar o quadro societário com os filhos não foi uma decisão difícil para Antônio, considerando as competências demonstradas por cada um. “Foi um papel de desprendimento, de poder olhar mais adiante nesse processo de longevidade e perenidade do negócio”, relata.

Com essas ligações ainda mais próximas, foi a hora que a família Gentil percebeu que precisaria saber lidar com as diferenças entre o momento pessoal e o momento para tratar dos negócios. “Se tem um churrasco de domingo, a gente mantém viva essa agenda familiar e sabe que ali é um papel de pai e filho, filho e pai. Na quarta de manhã é outra agenda. Uma agenda de sócios, que ele também nos proporcionou”, explica Glauber.

No ano de 2016, o caçula dos filhos de Antônio assumiu a cadeira de CEO da Gentil Negócios. A decisão não foi por acaso. Naquele momento, Glauber era dono da competência que permitiria uma grande visão de projeção e estruturação consolidada da família empresária. Durante o primeiro período de cinco anos, o trabalho foi validado e ele provou que merecia estar onde estava, mantendo seu espaço.

Ao longo desses anos, Glícia e Glênia decidiram assumir uma vida em São Paulo. Antônio seguiu o mesmo caminho, mas frequentemente vem ao Rio Grande do Norte para acompanhar de perto o andamento dos projetos com orgulho.

Sem deixar com que a família empresária seja mais um número entre os altos índices de mortalidade de negócios, Glauber estudou quais foram as estratégias utilizadas por empresas de sucesso entre pais e filhos para aplicá-las no grupo familiar. “A gente soube aprender a biografia, aprender a jornada, a valorizar essas entregas geracionais para poder fazer um equilíbrio de família e empresa. Temos um protocolo de família, um documento que constituímos que são os valores morais da condução das relações”, aponta o CEO da Gentil.

Assim como na empresa, os elos da família são constituídos a partir de sete fundamentos: “nesta casa só entra fruto do nosso trabalho”, “fazer mais com menos”, “conhecimento que transforma vidas”, “buscar a excelência nos detalhes, pois o bom não nos satisfaz”, “ter a liberdade para dizer o que pensa e sente com sabedoria”, “sentir prazer em servir com atenção e gratidão”, e por fim “ter a consciência que juntos somos mais fortes”.

No papel de liderança, Glauber leva todos esses ensinamentos e experiências de vida do pai como pilares essenciais nas próprias conexões. “Um exemplo é o desprendimento. Hoje eu já penso na minha sucessão. A inspiração vem desses atos e gestos práticos. Por conta dessas infâncias diferentes, temos competências complementares”, diz.

Na busca por uma palavra para definir o pai, Glauber não parece pensar duas vezes e escolhe “força”, atrelado a toda história percorrida por Antônio e que hoje colhe frutos com mais de 1,1 mil colaboradores e 40 mil revendedores porta-a-porta. Entre toda a paixão e vontade de crescimento, essa deve ser uma trajetória contada de pai para filho e que promete ultrapassar mais gerações.

Propósito de família
Com muita emoção nos olhos durante a entrevista, Antônio não consegue deixar de lado a história do Instituto Gentil, construída em 1996 na cidade de seu nascimento. Com o valor do “conhecimento que transforma”, o espaço propõe qualificação e oferecimento de oportunidades, entre leitura, arte, música e informática, que o empresário não teve durante a infância em Campo Grande.

“Entre os 160 municípios [do estado] na época, a gente ocupava a 143ª posição [no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH]. Eu tenho o hábito de conversar com o travesseiro, e o travesseiro me disse que ou eu fizesse alguma coisa ou nunca mais fosse até lá. Então criamos a história do Instituto Gentil, que hoje é motivo de orgulho para toda família”, afirma.

Após 10 anos de atuação, numa iniciativa compartilhada com Marluce Gentil, Neuraci Vieira e Graça Souza (em memória), Antônio conta que o IDH de Campo Grande saltou para a 99ª posição. Hoje está em 67ª. “Evidentemente que não foi somente o Instituto Gentil que contribuiu para tanto, mas levou o conhecimento, motivando as pessoas”, afirma. Parte dessa história também contou com a colaboração de Glícia e Glênia.

“O primeiro fax e o primeiro computador [de Campo Grande] foi a família Gentil que levou. Nossa escola de música tem histórias lindíssimas”, relata com orgulho. Com um grande cuidado e apreço, uma maquete do Instituto Gentil ganha um espaço especial em um dos andares principais da sede da Gentil Negócios. De acordo com Antônio, hoje a sede atende mais de 100 pessoas diariamente.

Parte da história da vida de Antônio Gentil também está retratada no Instituto, através de artes de óleo em tela. O material está distribuído por um dos andares da sede, que recebe dezenas de obras brasileiras com grande representatividade da rotina sertaneja.

Fonte Tribuna do Norte

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